segunda-feira, 13 de julho de 2015

Por Que Santa Maria?

Muitos me perguntam:

Por que Santa Maria?

Resolvi responder em cordel!    

SANTA MARIA DO SUAÇUÍ
   A CIDADE DA FÉ (E DO CORDELISTA)
  (Manoel de Santa Maria - Setembro, 2011)

“Santo” Cônego Lafayette,Igreja de Santa Maria do Suaçuí
Interceda junto a Deus;
Que a Providência Divina
Ilumine os sonhos meus,
Permitindo um pecador,
Neste ato de louvor,
Narrar os prodígios seus!

E ver em Santa Maria,
No chão que me viu nascer,Cônego Lafayete
O meu verso emocionado
Germinar e florescer.
Não contenho a emoção
Ao exaltar meu torrão
No Cordel, meu afazer.

Esta terra me inspirou
A compor e viajar
Pelas trilhas do Cordel,
Esta arte milenar
Que muitos chamam livrinho,
Mas é meu pão e meu vinho,
E emoldura meu cantar!

Saí daqui com dois anos,Cordel Santa Maria do Suaçuí
Voltei ainda rapaz.
Falar de Santa Maria
Me comove ainda mais.
É terra de todos nós,
É terra de meus avós,
Minha terra e de meus pais!

Uma alegria em dobro
Meu pai rever seus amigos,
Dentre os quais os Petruceli;
Seus corações são abrigos,
Relicários de memórias.
Lembraram tantas histórias
E tantos ‘causos’ antigos.

Recepcionou-nos RutinhaSanta Maria Seresteiro
Da Educação e Cultura,
Num sarau que uniu Cordel
E a seresta mais pura,
Ao som do acordeom,
Com queijo e vinho do bom,
‘Vaca atolada’ em verdura.

Com Dom Serafim no tom
Rolou Luar do Sertão,
Saudade da Minha Terra,
Com Saudade de Matão,
Mas não soltei minha voz;
Eu, com rouquidão atroz,

Silenciei meu violão.Santa Maria do Suaçui Vista Aérea
Mas o Cordel não se cala
Nem no horror da Ditadura.
É cultura popular
Na sua expressão mais pura.
Nossa cidade é meu lema,
Nosso Cônego meu tema,
Santificando a mistura!

No século dezessete,
Durante o ciclo do ouro,
O Fernão Dias Paes Leme
Ouviu falar de um tesouroFernão Dias Paes Leme
Nas águas do Suaçuí,
E por todo canto ali
Filão rico e duradouro.

Assim partiu de São Paulo
Rumo às terras encantadas,
Com seus lagos reluzentes,
Rios de areias douradas;
Até árvores frutíferas
Com frutas idem auríferas,
Segundo as lendas aladas!

Fernão Dias* constatou:
Não era lenda somente.
Chegando a Santa Maria  *(O Caçador das Esmeraldas)
Maravilhou-se contente
O esmeraldino* tatu,
No Lago Vapabuçu
E a Serra Resplandecente!

E logo nesse cenário
Temperado de bonança
Reluz a aura de um homem
Com coração de criança,
Um tesouro de bondade,
Cultivando a caridade,
A amor, a perseverança!


Para os Santamarienses
A devoção n’Ele é tal,
Que o vinte e um de setembro
Virou data sem rival,
Honrada e comemorada,
Quase até considerada
“Feriado Nacional”!

A cidade tem em torno
De vinte mil habitantes,
E em vinte e um de setembro
E nos dias circundantes
Acolhe outros vinte mil,
Vindos de todo o Brasil,
São romeiros visitantes!

Mas neste dois mil e onze
Um evento especial:
O Padre, há cinquenta anos,
Em viagem triunfal,
Partiu do chão dos mortais
Para as hostes divinais
Do seu Pai Celestial!

E no Festival da Fé,Dom Serafim
Em homenagens tocantes,
Cardeal Dom Serafim
E vários concelebrantes,
Num vinte e um de setembro,
Que, até onde eu me lembro,
Nunca igual se vira antes!

Durante as celebrações
Pessoas aglomeradas
Às centenas, aos milhares,
Em falas emocionadas
Que brotam do coração,
Num preito de gratidão
Pelas graças alcançadas!

Crianças, jovens, adultos;
Notadamente os idosos,
Em sentida romaria
Os devotos fervorosos.
Subindo devagarzinho,
Gestos lentos, um velhinho:
Meu pai, em passos custosos!

E abençoando a cidade
A Virgem, sempre zelosa,
Observa lá do alto,Nossa Senhora
Vigilante, majestosa,
Com seu olhar complacente,
Abençoando essa gente
Alegre e laboriosa!

Os devotos peregrinos
Chegam em busca de paz,
Na paz de Santa Maria
E fé no Cônego audaz.
Fé que não cai nem balança,
Mantém viva a esperança,
E move os Montes Gerais!

E em todo dez de novembro
Concorrida cavalgada,
Que sai de José Raydan
Para a missa celebrada
Por vida e nascimento
Do Cônego, então rebento,
Hoje lembrança sagrada!

Maior defensor da causa
Da beatificação,
Padre Luiz afirmou
Ao ser empossado, então:
Substituí-lo não vou...
Discípulo seu que sou
Só toco sua missão.

E honrando sua memória
Tratou de solenizar
O vinte e um de setembro
Nessa data singular,
Não no sentido de morte,
Mas renascimento forte,
Na pura fé popular!

Nosso pároco Madureira,pmadureira
Um amante da Cultura,
Recebeu com alegria
A minha Literatura.
Pesquisei no seu Jornal*.  (*Folha Diocesana)
Ele na obra social
Tem zelo e desenvoltura.

E a Diocese, em Guanhães,
Incrementando a ação
Em torno do “Santo” Cônego
Pela Beatificação.
E a Folha Diocesana
Noticia e engalana
Toda a movimentação!

Na chuva ou sol, a cavalo,Diocese em Guanhães Catedral
Sem casa paroquial,
Num raio de cem quilômetros,
Deu paz espiritual,
Batizado, comunhão,
Casamento, extrema unção
E ajuda material.

As marcas de cotovelos
Bem profundas no colchão
São provas de que o padre,
Se dormia era no chão.
O Servo de Deus, prostrado,
Noite inteira ajoelhado
Em vigília e oração!

Testemunho de João Leite,
Filho de Seu Carolino:
“Suado, muito cansado,Queda Dágua em Sant Maria do Suaçuí
Debaixo do sol a pino,
Veio o Padre num burrinho,
Apeou devagarzinho,
Pediu água a Papai Lino”.

“Surpreso com tanta honra
Meu pai, um tanto acanhado,
Escolheu na cristaleira
Seu copo mais enfeitado.
Sua sede saciou,
Mas n’agua o Padre notou
Um tom turvo e enlodado”:

__ Meu filho, sua famíliaVista aérea de Santa Maria do Suaçuí
Co’esta água está sofrendo,
Mas Deus vai abençoá-los,
E em breve estarão bebendo
Água limpa e bom sabor,
Mas dê graças ao Senhor,
Que do alto tudo está vendo!

“E passados alguns dias,
Quando seu cão perseguia
As galinhas, minha mãe
Custou a crer no que via.
Das entranhas da Natura
Água cristalina e pura,
D’onde jamais se previa”.

E quando a Gripe Espanhola
Assolava o mundo inteiro,
O Servo de Deus curava
A Gripe em solo mineiro;
E além do mais prevenia:
Quem não teve não teria,
Se Ele benzesse primeiro!

O Servo de Deus me inspira,Rua em Santa Maria do Suaçuí
Seu brilho e valor é tanto,
Tão fértil sua semente,
Que a obra desse homem santo
Não vai caber no papel,
Nem nas rimas de um Cordel
O seu carisma e encanto!

Mas procurei condensar
Em gotas de poesia
(chuviscando no molhado)
O oceano de valia
Que seus devotos atentos,2015-06-11 14.52.32
Em diversos documentos,
Relatam dia após dia!

Ao rabiscar estas rimas
Ergo meus olhos ao céu;
Tão contrito num Pai Nosso,
Meu pranto molha o papel.
Rogo ao Cônego um “amém!”
conceda no ano que vem
Força ao pai do menestrel!

Manoel de Santa Maria

Araruama, Setembro de 2011

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